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Desafios do transporte de veículos pesados no Arco Norte

A logística via modal terrestre por meio do transporte de veículos pesados, no Brasil, possui uma série de particularidades e desafios que, juntos, demandam um olhar crítico e estruturado para enfrentá-los. Ainda mais quando desviamos nossa atenção para as regiões que vem crescendo em importância no que tange ao fluxo de escoamento de grãos, especificamente o chamado arco norte.

Antes de entrar no detalhe dos desafios, mais especificamente àqueles ligados à infraestrutura, vale destacar que o Arco Norte, hoje, movimenta mais de 51% das exportações de milho e soja no país. Já existem levantamentos e estudos privados sinalizando a tendência de duplicação, nos próximos cinco anos, da movimentação de grãos em partes dessa região.

A região de Itaituba/Miritituba, no Pará, por exemplo, cresceu de modo exponencial nos últimos dez anos, conseguindo consolidar uma movimentação anual de aproximadamente 15 milhões de toneladas de grãos de soja e milho no último ano.

Toda essa carga é escoada por meio de veículos pesados desde suas origens no Centro-Oeste até os terminais de descargas que margeiam o rio Tapajós, representando um fluxo de veículos diário que chega a atingir 2 mil caminhões por dia. As referidas projeções apontam que, em cinco anos, esse número pode atingir 30 milhões de toneladas de grãos escoados via Itaituba, o que chama atenção para a necessidade de celeridade na adequação estrutural para suportar essa significativa expansão.

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De uma maneira geral no país, os desafios logísticos possuem âmbitos de competência distintos, que passam pelo viés público, quando falamos de infraestrutura de circulação e qualidade das rodovias, como também a falta de planejamento urbano para organização do fluxo no entorno das cidades.

Mas também há dificuldades no âmbito do setor privado diretamente, como a ausência de planejamento operacional quando se abre mão da otimização de rotas, ausência de uso de tecnologia, falta de gestão dos custos ligados ao serviço, ausência ou baixa manutenção dos equipamentos, dentre outros fatores.

Essas duas esferas de ação possuem desafios amplos e afetam determinadas regiões em proporções distintas em função das particularidades logística de cada uma, como também do nível de gestão dos negócios aplicados pelas empresas que atuam em cada região.

Em visitas recentes a algumas áreas da Região Norte do Brasil, foi possível constatar esses desafios. Centenas de motoristas que escoam as safras de soja, milho e fertilizantes, padecem ao ter que trafegar com os seus veículos em rodovias esburacadas, com longos trechos sem pavimentação e ausência de serviços de telefonia móvel ao longo de boa parte do trajeto.

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Além disso, a falta de segurança e má iluminação, fatores que favorecem acidentes de trânsito e a ocorrência de crimes como roubo de veículos, também afetam negativamente a eficiência do escoamento e prejudicam a competitividade do Arco Norte como exportador de grãos.

Esses aspectos negativos contrastam com a riqueza gerada atualmente na região e o seu potencial de desenvolvimento futuro. Buscando soluções para vencer esses desafios, empresas locais, nacionais e multinacionais vem investindo cada vez mais na implantação de uma infraestrutura capaz de dar suporte a um crescimento sustentado.

Também estão em curso parcerias público-privadas por meio de concessões de rodovias de trechos que ligam o Centro-Oeste ao Norte que tem uma previsão de investimentos da ordem de R$ 2 bilhões, segundo informações da Via Brasil, concessionária que arrematou um dos trechos.

Essas iniciativas caminham no sentido de buscar eliminar os  gargalos que prejudicam de modo direto a fluidez do escoamento de grãos. Os investimentos passarão por recuperação e construção de trechos, sinalização, aumento de faixa, acostamentos e iluminação. Pontos de apoio e socorro a motoristas e veículos também são previstos.

Essas ações podem de fato resolver boa parte dos problemas, contudo, outras questões que envolvem o acesso aos terminais de operações de transbordo também carecem de esforços complementares para solução.

Sob uma ótica positiva, é preciso dizer que, mesmo diante desses grandes desafios, existe um oceano de oportunidades na região, sobretudo para iniciativas que têm como objetivo organizar e oferecer infraestrutura aos veículos pesados e seus motoristas.

Acredita-se que, numa dinâmica de união de esforços, os investimentos públicos e privados tendem a equalizar as dificuldades. Contudo, é fundamental que a velocidade de implementação dessas soluções esteja adequada a acelerada marcha de crescimento produtivo dos grãos e o seu consequente impacto sobre a cadeia de exportação.

Bruno Cesar

Diretor Executivo da Sulog Pátio de Triagem – Empresa do Grupo Agemar

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